Nesta área fica a Fábrica do Caramujo, tempo passado, industrial, imponente, obsoleto, rodeado de uma moldura recente de arruamentos e linhas de estacionamento, convidando-nos a vir até a um espaço que se deseja voltar a ser.
“A Fábrica do Caramujo foi construída em 1872 e, poucos anos depois, em 1889, foi adicionado um corpo ao anterior conjunto de quatro pavimentos erguido na década de 70. A 10 de Junho de 1897, a fábrica sofreu um violento incêndio, que a destruiu quase por completo. O então proprietário, confrontado com a fragilidade da anterior construção, patrocinou uma nova edificação, para que «semelhante catástrofe não pudesse voltar a repetir-se” (cf. FLORES, 1992, p.72). O projecto levou somente um ano a ser efectivado, estando terminado no Verão de 1898, e o resultado foi a “primeira obra arquitectónica integralmente estruturada em betão armado e executada em Portugal” (SANTOS, 1993, p.43), processo de origem francesa (patenteado por François Hennebique) e introduzido em Portugal dois antes do incêndio do Caramujo.”
Fonte: Fábrica de moagem do Caramujo (antiga)
Esta é uma área urbana ligada a processos de industrialização há muito (ex)terminados pela força do tempo e dos acontecimentos, os quais são propícios à sua transmutação em galerias de arte urbana em espaço aberto.
Ao longo de toda a Rua José Manuel Gomes, no Caramujo-Romeira, é inevitável parar a marcha e observar estes desenhos urbanos, plenos de expressividade e que nos alertam para uma realidade que muitos de nós, felizmente, não conhecemos nem valorizamos: a de uma infância que não o foi.
Saliente-se ainda a existência de uma vasta colónia de gatos na Romeira, sujeitos a atropelamentos vários e consequentes alertas para o facto, o que levou à introdução de sinalética de trânsito amiga destes felinos, uma medida singular e pioneira no contexto municipal e à escala nacional.






























