“Cais do Ginjal, um espaço singular”

“Cais do Ginjal, um espaço singular”
Documental – Cais do Ginjal, Almada
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho pró lado da barra, olho pró Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh’alma está com o que vejo menos.
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Ode Marítima, Álvaro de Campo

Ver(de) Branco, Ver(de) Preto

Ver(de) Branco, Ver(de) Preto
Documental – Cais do Ginjal, Almada
Um rio, duas margens. De um lado, cimento, do outro uma árvore. Duas visões, duas realidades. Muitas pessoas já aqui estiveram na sua sombra, desfrutando da sua frescura nos dias e nas noites quentes de verão, contemplando a cidade do outro lado ou, simplesmente, estando. No inverno, pescadores e jovens casais de namorados procuram o abrigo deste ente arbóreo. Hoje não estava ninguém. Correcção: estava eu.
Gosto desta árvore, do facto de estar isolada, do seu contraponto à urbanidade, da sua proximidade ao elemento água. Egoisticamente, gosto de a contemplar e de saber que, junto à mesma e à sua sombra, a vida não é a preto e branco.

“Outrora, Agora, Vazio mas Belo, Melancólico mas Encantador”

“Outrora, Agora, Vazio mas Belo, Melancólico mas Encantador”
Documental – Cais do Ginjal
Ah, quem sabe, quem sabe,
Se não parti outrora, antes de mim,
Dum cais; se não deixei, navio ao sol
Oblíquo da madrugada,
Uma outra espécie de porto?
Quem sabe se não deixei, antes de a hora
Do mundo exterior como eu o vejo
Raiar-se para mim,
Um grande cais cheio de pouca gente,
Duma grande cidade meio-desperta,
Duma enorme cidade comercial, crescida, apopléctica,
Tanto quanto isso pode ser fora do Espaço e do Tempo?

Ode Marítima, Álvaro de Campo

“Cais no anoitecer…”

“Cais no anoitecer…”
Documental – Cais do Ginjal, Almada
Ah o Grande Cais donde partimos em Navios-Nações!
O Grande Cais Anterior, eterno e divino!
De que porto? Em que águas? E porque penso eu isto?
Grandes Cais como os outros cais, mas o ònico.
Cheio como eles de silêncios rumorosos nas antemanhãs,
E desabrochando com as manhãs num ruído de guindastes
E chegadas de comboios de mercadorias,
E sob a nuvem negra e ocasional e leve
Do fundo das chaminés das fábricas próximas
Que lhe sombreia o chão preto de carvão pequenino que brilha,
Como se fosse a sombra duma nuvem que passasse sobre água sombria.

Ode Marítima, Álvaro de Campo

“Namoro ao Crepúsculo”

“Namoro ao Crepúsculo”
Vida Animal – Parque da Paz, Almada
“Crepúsculo”

Andam no ar carícias vaporosas
Como pálidas sedas, arrastando…
E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha
Um coração ardente palpitando…

Florbela Espanca, in “Livro de Sóror Saudade”

“Toque-se a Liberdade!”

“Toque-se a Liberdade!”
Cidade – Almada, 25 de Abril
Reminiscências dos tempos de foto-reportagem.
“A liberdade nunca pode ser tomada por garantida. Cada geração tem de salvaguardá-la e ampliá-la. Os vossos pais e antepassados sacrificaram muito para que pudésseis ter liberdade sem sofrer o que eles sofreram. Usai este direito precioso para assegurar que as trevas do passado nunca voltem.”
Nelson Mandela, Discurso, 1999

“Também há estrelas em terra…”

“Também há estrelas em terra…”
Documental / Litoral – Fonte da Telha, Costa da Caparica, Almada
“Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
E em que o sono parecia disposto a não vir
Fui estender-me na praia sozinho ao relento
E ali longe do tempo acabei por dormir
Acordei com o toque suave de um beijo
E uma cara sardenta encheu-me o olhar
Ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
Ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar
Sou a estrela do mar
…”

Estrela do Mar, Jorge Palma

“Peixe mais fresco não há!”

“Peixe mais fresco não há!”
Documental – Arte Xávega, Costa da Caparica
“Um quinto da humanidade depende de peixe para viver. Atualmente, 70% dos stocks mundiais de peixe estão sobreexplorados. Segundo a FAO, se não mudarmos os nossos modelos de pesca, os principais recursos marinhos estarão esgotados em 2050. Nem queremos acreditar no que estamos a descobrir.”
Yann Arthus-Bertrand

“Cores quentes do Ocaso”

“Cores quentes do Ocaso”
Documental – Cais do Ginjal, Almada
“As pessoas são tão admiráveis quanto o ocaso se as deixarmos ser quem são. Quando admiro um por do sol, não costumo pedir para suavizar o laranja no canto direito. Simplesmente não tenciono controlo o ocaso. Observo-o com um respeito reverencial na medida em o que mesmo se revela.”
Carl L. Rogers